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A Evolução do Marketing em Neuromarketing


A Evolução do Marketing em Neuromarketing

O marketing sempre existiu, desde os primeiros hominídeos, e evoluiu de uma simples função social a uma ciência integrada e de vital importância nas corporações.

Apesar da figura do cliente ser o núcleo e razão da existência do marketing, demorou muito para que essa percepção acontecesse de forma efetiva. A partir dessa mudança de conceito, os estudos sobre o comportamento do consumidor se iniciam e se intensificam cada vez mais. Definitivamente o marketing queria saber o que seu cliente-alvo pensava e como agia, o porquê ele escolhia o produto x e não o produto y. Com o mesmo objetivo, a neurociência vinha paralelamente com o objetivo de decifrar comportamentos isolados do cérebro em função da ação humana. A neurociência coexistia em muitas situações com a psicologia, biologia e demais ciências e disciplinas também ligadas ao marketing. Daí para a junção das duas ciências e nascimento do neuromarketing foi questão de tempo. Tendo o marketing o objetivo de decifrar o comportamento do consumidor e a neurociência o propósito fundamental entender como o cérebro elabora e cria as ações humanas e ambos, consumidor e seres humanos, serem os mesmos e o cérebro o responsável por toda nossa realidade e ações, o neuromarketing aparece como uma nova promessa de evolução e avanços para entender não só como os consumidores agem, mas também colaborar para o melhor entendimento das questões existenciais humanas. Ainda é uma ciência recente e com isso surgem grandes dúvidas, como a ética – apesar dos especialistas afirmarem a integridade dos objetivos das pesquisas.

Neuromarketing

A EVOLUÇÃO DO MARKETING


O MARKETING NO CONTEXTO HISTÓRICO

A data precisa de quando começaram os processos comerciais ainda é uma tarefa impossível para os pesquisadores afirmarem, porém, conseguimos analisar os fatos históricos e projetar como aconteceram os primeiros processos comerciais, dessa forma conseguimos compreender o que nos levou a essa nova consciência da oferta e consumo.

TABELA 1 – Evolução do marketing segundo Schoell e Guiltinan
1600
1700
1800 – 1850
1850 – 1900
1900 – 1950
1950…
O produtor e o consumidor são a mesma pessoa ou grupo de pessoas
Separação das atividades de produção das de consumo. Oferta de mercado de acordo com a demanda
Início da produção especulativa
Começo dos especialistas em vendas para melhorar a distribuição.
Mudança de um mercado de venda para um mercado de compra.
Surgimento de um novo marketing como ciência.
Fonte: Cayuela, Requena, Sofia e Scinica (2010, p. 5)
Escambo feudalO início contemplava um indivíduo ou chefe de família ou grupo que detinha uma específica atividade produtiva para subsistência. Podemos lembrar, inclusive, dos modelos de sistema feudal, onde, em uma comunidade, cada família ou grupo era responsável por um tipo de atividade agrícola ou de criação animal. Com essa relação, a diversidade de cultivos se adaptava às necessidades da comunidade em geral. Porém, para que houvesse um aumento na produtividade dessas atividades, havia gasto maior de tempo e isso impactava de diversas formas a sociedade, pois não haveria tempo para dedicar às outras necessidades essenciais do ser.
O mais importante é focar que, neste momento, os agentes desse sistema permutam em mesmo papel funcional: o produtor e consumidor são as mesmas pessoas ou grupo de pessoas. O Marketing, aqui, existe como um simples processo de satisfação de necessidades; como uma função social.
Na época, as necessidades e demais desejos e emoções dos indivíduos eram pouco exploradas e, às identificadas, haviam produtos acessíveis a todos. Com o passar do tempo, a necessidade de ampliação de produção crescia. Com a própria evolução humana, essa necessidade não apenas crescia em função de volume, mas também se modificava em relação às percepções repetitivas; a questão era a repetição e unificação em termos de alimento ou vestuário ou até mesmo em questão de lazer.
A opção era recorrer aos produtos de outras comunidades ou grupos para que pudessem suprir essa necessidade. Como defende Cayuela (2010), “o homem, em sua condição de humano, é definido como um ser pensante e atuante, que satisfaz suas necessidades trocando recursos”. Nessa fase, os relacionamentos comerciais aconteciam em políticas de trocas e permutas de mercadorias diversas.
O que no início era necessidade veemente passou a tendência e esses processos de trocas se tornavam cada vez mais complexos e envolviam cada vez mais produtores e, dessa fase em diante, formou-se o que chamamos de Capitalismo e todos os fatores desse sistema; como as classes sociais e o lucro como palavra chave desse regime.
Nesse momento, há a separação de papéis e surge um mercado com agente ofertante a e o agente demandante. A oferta de mercado varia de acordo com a demanda.
Escambo
Os agentes, dentro de uma visão da economia que conhecemos hoje (produtor e consumidor), eram os mesmos e agora se separaram em funções formando um mercado de oferta e demanda. Agora temos a figura do cliente. Agora temos a figura do produtor. Agora tudo fica mais complexo, pois, apesar de separados, sua existência coexiste – sem um o outro não tem permanência – e foi assim que o personagem do vendedor, que conhecemos hoje, começou a sua evolução.
Para o marketing, a característica que marca essa etapa é o surgimento do mercado especulativo.

Um pouco mais tarde, a indústria vem à tona e o pensamento empresarial foca praticamente nos quesitos financeiros e de produção, visando maximizar resultados aumentando a capacidade de produção e volume na comercialização. Produzir e distribuir eram a filosofia seguida.
O Marketing surge mais forte trazendo os especialistas em vendas para melhorar a distribuição e agora os empresários e grandes produtores veem o Marketing como uma nova “técnica”. Cria-se o Marketing Gerencial; com foco na venda do produto.
Com um mercado tomado pela burguesia, ninguém se preocupava com as necessidades particulares dos mercados: tudo era um grande padrão.
A Revolução Industrial, mais tarde, chega e intensifica a urbanização. Com as ampliações de instalações e tecnologias, inicia-se a produção em massa e criam-se grandes centros comerciais que fazem com que os negócios se ampliem, assim aceleram ainda mais o processo de urbanização. Além disso, houve também a abertura de fronteiras e, com isso, os produtos importados já finalizados começam também a disputar mercado – não é mais apenas a matéria-prima quem atravessa as fronteiras. Esse fator mundial (globalização) gerou a intervenção de culturas, mudando os hábitos de muitos indivíduos em diversas regiões.
As pessoas, agora, têm mais acessos à informação, mais poder de escolha e ficam mais exigentes. Uma situação complicada surge para o ofertante, uma vez que ele conhece a ameaça da concorrência como nunca antes. Essa nova situação obrigou o mercado a se adaptar acompanhando essa nova tendência.
A industrialização de 1900 se orientou para a redução de custos. Produzir mais e mais barato era o aconselhável para um mercado de demanda. O cliente não era uma medida, mas um padrão, até que as economias mundiais perceberam que o desenvolvimento tecnológico já superava com sua produção as necessidades reais dos clientes. Foi então que em 1960 o marketing reaparece como elemento alavancador das vendas, floresce o modelo dos quatro “Ps”, criado por Douglas McCarthy, que tem como meta desenvolver novas ferramentas para obter respostas dos mercados estabelecidos. Estas ferramentas foram denominadas componentes do marketing, ou marketing mix, [...].
(CAYUELA, 2010, p. 3)
Neste ponto, pode-se afirmar que, definitivamente, surge o Marketing em grande dimensão e como nossa compreensão atual o conhece melhor. O Marketing coloca como propósito conhecer o cliente para ajustar o produto às suas necessidades instigando o ato de compra e assim obter vantagens em relação ao concorrente.
O mundo se estabiliza e o nível de competitividade do mercado aumenta. O cliente aparece em cena novamente. Os teóricos do marketing precisam de mais ferramentas para captar e manter os clientes. Começa o aprofundamento da análise do marketing centrado no cliente.
O marketing agora não apenas satisfaz as necessidades do cliente, mas também o coloca como o centro das atenções, perguntando-lhe: quais as necessidades eu estou satisfazendo e quais devo satisfazer?
(CAYUELA, 2010, p. 6)
neuromarketingA administração de marketing começa a planejar e executar ações estratégicas. Agora as empresas nascem para satisfazer as necessidades dos clientes.
A partir de 1950 até os dias atuais, constata-se o uso na forma racional, ou planejada, das técnicas de venda pessoal, propaganda, promoção de vendas e pesquisa de mercado. O Marketing começa a ser utilizado como um poderoso diferencial entre empresas que buscam o sucesso na satisfação dos seus clientes.
A tecnologia evolui de forma acelerada e também se populariza. Na década de 90 intensifica-se a busca pela informação a fim de criar estratégias para captar e fidelizar o cliente. Nasce o Marketing Estratégico e ele, só agora, é aceito como ciência.

A NECESSIDADE COMO CHAVE PARA O SUCESSO

O assunto “necessidade” abre grandes discussões, principalmente filosóficas e psicológicas. No Marketing, apesar de atualmente parecerem sinônimos, a preocupação com as necessidades e anseios dos clientes a ponto de modificar o pensamento do mercado aconteceu apenas a partir de 1850, porém realmente tomou uma dimensão de consciência para os especialistas e empresários a partir das criações  das ferramentas de Marketing e sua aceitação como ciência humana.
O estudioso que mais se destacou no assunto “necessidades” foi Abraham Maslow, psicólogo que fundou o conceito de auto realização na elaboração do seu estudo sobre a teoria da motivação.

Fonte: Cayuela, Requena, Sofia e Scinica (2010, p. 5)
Nos anos iniciais de sua vida, todos os seres humanos satisfazem em primeiro lugar a sua necessidade de sobrevivência. Nesse momento, a alimentação é uma necessidade primária.
Com o nosso choro, nos asseguramos  de que cada vez que tenhamos fome voltem a nos alimentar. Todo ser humano, naturalmente, tende a manter aquilo que já conseguiu. A segurança vem a ser a sua segunda necessidade, até que nos ensinem a tabela alimentar do quatro, ou seja, nos alimentar a cada quatro horas.
O tempo passa e as necessidades mudam. Ou você, agora adulto, ainda come a cada quatro horas? Aposto que não! Mesmo que tenha necessidade de se alimentar, você tem a segurança de que o fará em algum momento do dia.
Desde pequenos, também fazemos amizades com outras crianças, e tiramos a chupeta delas ou elas nos tiram a nossa. Aí nessa cena, já podemos distinguir o líder do seguidor, bastando apenas ver quem é que fica com a chupeta.
Para além da chupeta como elemento social, a terceira necessidade que o ser humano busca satisfazer é a de ter amigos(as). E essa é uma necessidade dos humanos. Portanto, ser sociável é uma necessidade de terceira ordem social; naturalmente nós crescemos e, sem nos darmos conta, subimos as escadas das necessidades básicas.
Todos os dias olhamos no espelho e, ainda que os anos passem, compreendermos que apesar das mudanças em nosso corpo e na nossa mente, sempre gostamos de nós mesmos. O sentir apreço por sua própria pessoa, o cuidado com você mesmo não desperta o mesmo interesse em todas as pessoas. Portanto, esta necessidade do ego ou autoestima é um degrau ao qual nem todos sobem. Os estagnados preferem continuar no degrau anterior.
Quanto mais alto subimos, mais perigoso fica. Poderia parecer que a escada das necessidades provoca vertigem ou mal-estar quando olhamos para baixo. Por isso, alguns seres humanos param no degrau do ego e outros desejam continuar subindo.
Existem aqueles que desejam ser chefes e os que desejam ser empregados. Existem também os que querem continuar empreendendo e os  que apenas desejam continuar subindo a escada das necessidades humanas, buscando satisfazer sua necessidade interna de dominar e não ser dominado.
[...]
Quem quer subir até o quinto degrau busca a independência, que faz com que se sinta maior e mais onipotente. Mas ainda existem aqueles que querem mais. A eles não basta a independência. Eles desejam o crescimento ou o desenvolvimento, e para isso é preciso subir ao sétimo e ultimo degrau. A partir daí aconselho a não continuar subindo porque a escada acaba. Se o fizer, você é um empreendedor de outro mundo.
(CAYUELA, 2010, p. 3)
A crença de que criar necessidades é o objetivo principal do Marketing é muito forte, porém isso não tem base lógica – como analisado até agora. Na própria evolução humana as necessidades surgem a partir do momento em que se tem uma saciada, pois como diz Cayuela (2010) “é importante destacar que o ser humana, uma vez que tenha satisfeito uma necessidade, tende a buscar, de forma natural, a seguinte”.
Os especialistas defendem que o marketing nunca se apoiou com o objetivo de criar necessidades ou desejos e sim fazer com que os produtos sejam percebidos pelos clientes, salientando as qualidades, atribuições e funções desses produtos fazendo com que, por sua vez, o cliente motive-se a obtê-lo. Por quê compram produtos Apple? Segundo a teoria da motivação de Maslow, a Apple só sobrevive porque existem muitos indivíduos que já atingiram ou ultrapassaram a necessidade de terceira ordem: a necessidade social, motivados a estarem em harmonia com a sociedade em que está inserido ou motivado a subir mais degrais.

O NEUROMARKETING


O ENTRELAÇAMENTO DO MARKETING E A NEUROCIÊNCIA

Ao passar do tempo, o Marketing foi evoluindo e, de simples e intuitiva função social, passou a uma ciência de fundamental importância na Administração. Na divisão de comportamento do consumidor essa evolução se deu pela necessidade natural do ser humano de se autoconhecer e foi possibilitada pela associação de outras ciências e disciplinas ao marketing e também pelo grande avanço tecnológico dos últimos tempos.
Na verdade, para o mundo corporativo, foi mais que isso. Em tempos de crescimento e desenvolvimento econômico, existia um conceito muito primitivo sobre o consumidor, ninguém se preocupava os com os fatores como retenção, fidelização, satisfação ou lealdade de clientes. Isso pelo simples fato de que os mercados cresciam e a competição não era agressiva. Ou seja, se perdessem alguns clientes, logo apareceriam outros.
A globalização se manifesta com força na década de 90 e a competitividade cresce mais. As organizações, ao buscarem alternativas tornam o Marketing uma ferramenta integrada e o conceito de “clientes” impulsionou uma mudança na ordem dos reinantes do mercado.
O tempo para perceber que o cliente é o real núcleo do marketing foi muito longo.
Havíamos nos esquecido de que quando alguém teve a ideia de comercializar algo, tinha-o feito sem pensar em ocupar um espaço no mercado, mas simplesmente em satisfazer uma necessidade de alguém. (CAYUELA, 2010, p. 7)
Com a competitividade do mercado e os modelos de negócios que se instalaram, principalmente nas grandes corporações, e o grande avanço da tecnologia, os produtos e serviços oferecidos praticamente não se diferenciavam tecnicamente: um notebook da marca Acer tem a mesma ou similar configuração e, geralmente, os mesmos fornecedores dos componentes eletrônicos para a fabricação dos notebooks da marca Hewlett Packard ou da IBM ou de muitas outras; isso dificulta demasiadamente o destaque da marca ou produto para a percepção do cliente.
O propósito do marketing, segundo Kotler (2006), “é satisfazer as necessidades e desejos dos clientes-alvo”, mas o problema aqui está em como fazer meus clientes-alvo perceberem meu produto. Ainda seguindo sua afirmação, Kotler (2006) completa que “o campo do comportamento do consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, ideias ou experiências”.
Concept: Construction workers inspecting brainO início dos estudos sobre o comportamento do consumidor buscou ferramentas nas ciências humanas como a administração, psicologia e até antropologia e ontologia. Por um período, isso foi o suficiente para responder à alguns anseios do Marketing. Entretanto, as tecnologias nas pesquisas também avançavam e os estudos ficavam gradualmente mais profundos e ousados.
O marketing definitivamente queria desvendar o comportamento e a origem e causa das ações dos consumidores.
Os profissionais de Marketing tem o dever de investigar o mais intimamente possível as necessidades do consumidor para entendê-las e, assim, criar uma estratégia que torne seu produto ou serviço posicionado de forma adequada, tornando-o acessível para seu cliente-alvo sempre que necessário. Até pouco tempo, esse objetivo seria interpretado pelos profissionais do Marketing apenas como um dos “Ps” do modelo dos “4Ps” tradicional, criado por Douglas McCarthy em 1960: a “praça”.

TABELA 2 – Os 4Ps do McCarthy – 1960
Produto
Praça
Promoção
Preço
Características
Variedade
Qualidade
Projeto
Nome ou Marca
Embalagem
Tamanho
Garantia
Devolução
Serviço
Canal de distribuição
Cobertura
Localização
Variedade
Transporte
Inventários
Promoção de vendas
Publicidade em geral
Força de vendas
Marketing direto
Publicidade não-tradicional
Relações Públicas
Preço tabelado
Descontos
Crédito
Bonificações
Pagamento parcelado
Solução para o cliente
Conveniência para o cliente
Comunicação par ao cliente
Custo para o cliente
Fonte: Cayuela, Requena, Sofia e Scinica (2010, p. 6)

O trabalho conjunto do marketing e psicologia, à priori, e demais disciplinas e ciências ficam cada vez mais constantes.
O início desse milênio veio de mãos dadas com os estudos do cérebro e também com a mente humana em evidência. Com isso, a neurociência assume um papel importante tanto na psicologia quanto na biologia, enfatizando a interdependência entre a ciência do conhecimento e neurobiologia.

A NEUROCIÊNCIA

A neurociência surgiu no século XX a partir de outros estudos clássicos e seu propósito da neurociência é entender como o cérebro elabora as individualidades marcadas na ação humana.
Entender como o Sistema Nervoso Central consegue se organizar e integrar os diversos sistemas de comunicação que o compõem vai nos permitir integrar estes aportes para vinculá-los às representações perceptivas dos seres humanos, com o propósito de avançar no conhecimento dos mecanismos internos da conduta que levam à associação do pensamento com o sentimento. A neurociência nos permite explorar o potencial biológico humano para melhor compreendermos: o que nos faz ser o que somos.
(CAYUELA, 2010, p. 8)
A neurociência, através de seus estudos genéticos e do cérebro, nos permite evoluir na compreensão dos sentidos e do sentir do ser humano. Esses estudos são feitos a partir de um ponto de vista multidisciplinar que envolve a física, a biologia, a eletrofisiologia. Isso nos permite perceber a inter-relação de funções como o pensamento, as emoções e os comportamentos.
Estudar e expor como funciona a rede neural nos permite compreender como se produz nossa percepção individual do mundo externo.

O Cérebro

O cérebro ocupa quase a totalidade da cavidade craniana, possui uma forma oval e se divide em dois hemisférios: o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo.
cérebro triunoA face externa do cérebro apresenta fissuras que dividem os hemisférios em lóbulos, que, de acordo com a relação externa que tenham com os ossos da cavidade óssea, são: frontal, parietal, temporal e occipital.
O cérebro é uma máquina que evolui a cada percepção. Alguns cientistas afirmam que apesar de seu contínuo desenvolvimento, naturalmente, o cérebro também retrocede em algumas funções. Isso acontece pela própria evolução humana: o que ontem era necessário, hoje pode não ser mais. É muito mais fácil para a evolução criar algo que já existe do que criar um cérebro novo. Isso significa que há uma profunda ancestralidade animal no seu cérebro.
Na década de 50, James Papez e Paul.D.Mac Lean descobriram um caráter de “cascas de cebola” do cérebro e a existência de três cérebros nos humanos:
  • Reptiliano ou Primitivo: contém todos os programas inatos que servem essencialmente para sobreviver e conservar a espécie,  governa nossa agressividade e reações de fuga ao perigo. As lembranças arquivadas são unicamente as do momento em que vive. Não inova e não sabe lidar com situações desconhecidas. Utiliza comportamento não verbal como linguagem.
  • Diencéfalo ou Límbico: é fruto da evolução mais tardia e foi ele quem permitiu a humanidade se adaptar às mudanças constantes do ambiente. É primordial no comportamento emocional e na memória, e com a ajuda do lóbulo frontal permite uma melhor adaptação social.
  • Neocórtex: é próprio do humano, ainda que o compartilhemos com algumas espécies como chimpanzés, golfinhos, gatos e demais, mas nós nos diferenciamos deles pelo maior grau de aperfeiçoamento do lóbulo frontal, que essencialmente concede uma grande flexibilidade, de tal modo que podemos responder a um estímulo de uma maneira imprevisível. É o espaço do pensamento consciente, onde cabem as estruturas imaginárias, a criatividade, capacidade de raciocínio, análise, intuição, linguagem verbal e capacidade de escolha.
Esses três cérebros são usados de forma simultânea.
Na década de 70 os pesquisadores perceberam a existência de dois hemisférios no córtex simetricamente iguais, mas com funções diferentes.

TABELA 3 – As incongruências dos hemisférios
Hemisfério Esquerdo
Hemisfério Direito
Realista
Lógico
Dissociado
Cognitivo
Analítico
Reprodutivo
Consciente
Aritmético
Concreto e prático
Partes
Lembrado
Passado
Fantástico
Analógico
Associativo
Intuitivo
Sintético
Criativo
Inconsciente
Geométrico
Mágico
Todo
Planejado
Futuro
Fonte: Cayuela, Requena, Sofia e Scinica (2010, p. 40)

O conhecimento dos hemisférios nos permite melhorar a administração dos recursos que temos, para com isso dar uma resposta mais inteligente às questões que o ambiente atual nos apresenta. (CAYUELA, 2010, p. 41)
Cada pessoa exercita mais um hemisfério que o outro, ou seja, cada um tem um hemisfério dominante. Isso define toda a questão comportamental de cada um. Por muito tempo, considerava-se inteligente a pessoa que tinha como dominante o hemisfério esquerdo pela sua capacidade lógico-matemática. Porém, segundo Howard Gardner, da Universidade de Harvard, o ser humano tem sete tipos diferentes de inteligência:
  • Linguística;
  • Lógica;
  • Matemática;
  • Musical;
  • Espacial;
  • Cinestésica ou corporal;
  • Intrapessoal ou interpessoal.
O conceito de múltiplas inteligências contribuiu muito para o marketing, principalmente para a formação de grandes vendedores e negociadores, possibilitando uma comunicação mais eficaz.
A Programação Neurolinguística (PNL) nasceu como uma nova disciplina baseada, entre outros, nos princípios da cibernética e da linguística.
A PNL teve início em 1972, nos EUA, com pesquisas e estudos de John Grinder e Richard Bandler, professor de linguística e psicólogo, respectivamente. Eles começaram pelos estudos em excelentes comunicadores, construindo e catalogando modelos de habilidades de comunicação, procurando um padrão; uma compreensão de como as habilidades surgiam e eram gerenciadas para que, então, os métodos pudessem ser ensinados a outras pessoas de modo que elas também conseguissem obter os mesmos resultados.
Chegaram à conclusão de que o ser humano é o único animal que repete suas ações ao longo da vida e, consequentemente, sempre chega ao mesmo resultado. Também concluíram que o ser humano pode chegar a ótimos resultados na vida se assim eles planejarem. E assim surgiu o conceito de múltiplas inteligências.
A PNL, desse modo, afirma que não existe fracasso ou sucesso, o que existe é a aplicação de estratégias e planos que nos levam à tais resultados. Assim, se o resultado não for satisfatório, deve-se ajustar a estratégia para atingir o objetivo desejado.

O NEUROMARKETING
O neuromarketing pode ser definido como estudo de como funciona o processo de comunicação entre o ser humano vendedor e o ser humano cliente ou o ser humano cliente e a ferramenta da publicidade.
A interpretação e percepção da realidade e o nível de satisfação ou insatisfação das partes se vinculam diretamente aos ideais, ilusões, valores, crenças que ao longo do tempo gravam-se na mente.
São os sentidos que estimulam o cérebro. O cérebro, por sua vez, converte esses estímulos em dados, os dados se convertem em informações e as informações se transformam em conhecimento para dar a resposta que ele considera adequada para satisfazer às nossas necessidades.
O neuromarketing analisa as sensações que o consumidor experimenta no processo de compra de um produto ou serviço. Para esta finalidade, hoje se utiliza a tecnologia da informação integrada à ressonância magnética e à tomografia computadorizada. O neuromarketing integra como filosofia metodológica, entre outras, as diferentes ciências, disciplinas científicas, metodologias técnicas e novos pensamentos. (CAYUELA, 2010, p. 8)
As disciplinas e ciências que o neuromarketing agora integra são:
-      Neurociências;
-      Marketing;
-      Pensamento sistêmico;
-      Programação neurolinguística;
-      Modelos mentais;
-      Inteligências múltiplas;
-      Ontologia da linguagem;
-      Física quântica;
-      Administração em geral.

Concluindo…

A evolução do marketing só é mais uma dentre todos os avanços que a humanidade teve a necessidade e conquistou. O neuromarketing ainda é recente, mas já demonstrou o seu poder no mercado e o quanto ainda pode colaborar para a evolução não só do marketing, mas das ciências humanas no geral.
A metodologia ainda é cara para se praticar e por isso ainda é uma ciência dominada pelas grandes corporações. Entretanto, escolas no mundo todo já estão desenvolvendo cursos e disciplinas com o tema, fato que determina que logo o neuromarketing será uma comum prática nas empresas e estará acessível às médias, pequenas e microempresas.
Toda a tecnologia utilizada no neuromarketing é a mais avançada, porém, como qualquer área do conhecimento, ainda tem muito a se desenvolver. Ainda não se pode afirmar, qualificar ou quantificar quais os reais benefícios esse estudo do cérebro com o marketing pode nos proporcionar. O que pode-se afirmar é que eles estão surgindo conforme as pesquisas se desenvolvem.
A questão ética e moral ainda é uma questão que está longe de ser resolvida, mas o fato de ainda prosseguir com os estudos e atuação no mercado garante que o neuromarketing não contraria nenhuma ética científica ou social, porem esses aspectos precisam de mais discussão.
Em suma, o neuromarketing é a grande aposta das empresas e profissionais por sua lógica e fundamento e as pesquisas realizadas até então só afirmam que eles estão certos nesse investimento.

Comente e deixe sua opinião e sugestão.

Tiago Bertoldo

Bibliografia:
BERTOLDO, Cláudio T J. Neuromarketing: a evolução do marketing. Ribeirão preto: trabalho para conclusão de curso, 2011.
CAYUELA, O. M.; REQUENA, R. A.; ROMANO, S. E. et al. Neuromarketing: para recobrar a confiança dos clientes. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2011.

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