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Porque Reclamamos Tanto?

Reclamar quando sofremos um mal muito grande é até certo ponto natural. Mas reclamar cotidianamente, ter o coração descontrolado, a língua desmedida é sempre falta de qualidade humana. 

Reclamar demais faz mal ao desenvolvimento dos filhos, à vida em família, à vida cotidiana.


E se são por pequenas coisas e de modo constante, acabam predominando sobre o que demais somos, causando muita infelicidade em volta de nós.

Isso é matar a vida em volta de nós e já nos 10 Mandamentos está claro que não devemos matar. E não é só a vida biológica que não devemos matar, mas tudo que possa ser qualidade de vida, vida em família, amizade, o feliz desenvolvimento das crianças, o sossego dos idosos, etc.

Por que reclamamos tanto?

É porque perdemos a capacidade humana de suportar as tensões normais da vida. E isso acontece por um excesso de preocupação consigo mesmo, com o que lhe fizeram ou não fizeram, com a sua opinião, com o que acha que deveria acontecer ou como deveriam lhe pagar por um descuido, uma ofensa, uma retribuição. É uma grande qualidade agir com generosidade, tomando por menos os pequenos inconvenientes da vida ao invés de agigantá-los no forno do nosso amor próprio.


Nesta época em que o consumismo estimula uma preocupação constante com as próprias vontades, em que se criam falsas necessidades por quase todo objeto, por uma busca de poder por ter tal e qual aparência, o descontrole sobre o próprio comportamento é estimulado e perdemos a chance de ser caridosos, humanos, compreensivos, e por ninharias.


E isso começa já com essa incapacidade de saber sofrer pequenas incomodidades ou contrariedades corriqueiras como calor, frio, engarrafamento, atraso no consumo de algum bem desejado ou na negação de um conforto que passa a virar um ofensa de lesa majestade. 

Qualquer contrariedade a criança está chorando, gritando e qualquer frustração no adulto vira um problema "insuportável". E começam as reclamações, as insatisfações, as ansiedades.


Essa impaciência que faz reclamar por tudo, sem medo de constranger as crianças, criar inúteis desassossegos nos demais está em grande medida relacionada à essa busca do prazer ou da comodidade como fim último da vida.

Para nos fazer grandes consumidores não apenas somos convidados a consumir, mas somos doutrinados a precisar urgentemente, a ter sob pena de sofrer grande frustração a satisfação do estomago, do hormônio da busca de comodidades.

E assim vamos virando apenas o nosso aspecto mais animal e deixando a humanidade de lado. E passamos a ver os trabalhos naturais do Natal, do conviver com os outros como um estorvo.

Aos poucos vamos nos tornando incapazes de ser fortes. Perdemos a virtude da fortaleza capacidade de guiar-se pelo que é certo e não pelo descontrole egoísta. É na verdade por isso que o catolicismo é demonizado na sociedade atual. A promoção pelo comércio de comodidades como necessidades, da promoção da aparência como passaporte para o poder e para a felicidade tornam-se a suprema lei ao invés da lei do cristianismo que é a lei do amor. E portanto, em primeiro lugar, não aumentamos a cruz dos outros com reclamações inúteis.

Pontos Práticos para Conter o Hábito de Reclamar

  1. Sofrer o calor do dia sem o repetir para os demais distribuindo a sua cruz aos demais. 
  2. Não ter pena de si por coisas como ter que trabalhar, estudar, lavar louça, dirigir. 
  3. Saber não fugir da obrigação mais difícil da agenda e fazê-la a primeira coisa do dia. 
  4. Não adiar indefinidamente as obrigações sob mil desculpas como estar cansado, não saber, não entender e tantas outras enrolações como ficar horas na Internet, ou tomar cafezinho a todo instante no trabalho. 
  5. Não descontar nos demais as suas penas reclamando, torturando psicologicamente com chantagens e culpas o cônjuge ou os filhos. 
  6. Pensar duas vezes antes de colocar a felicidade no chopinho da sexta-feira e abrir mão de atender à família, deixar de ser infeliz porque não tem a roupa, o brinquedo da moda e antes valorizar o que tem. 
E tantas outras formas pelas quais resistimos cheios de penas de nós mesmos ao dever de cada dia. Há pessoas que tem preguiça de coisas elementares como fazer um café, acordar na hora certa, tomar banho, etc. Tudo isto só as tornam cada vez mais "incapazes", desvalidas e sua presença cada vez mais pesada aos demais. 

Afogar o Mal em Abundância de Bem: Na Hora da Dor temos que Colocar Amor


Esses "sofrimentos" que nos fazem reclamar cotidianamente, na verdade, passam. O que não passa, para algumas pessoas, é o ter sofrido, é o ter que cumprir sua tarefa. Existem sofrimentos reais como a perda de um filho, por exemplo. 

E estes sempre deixarão uma marca que o tempo aliviará, mas é natural que se lembre do assunto com pesar. Mas o que não é natural é não poder sofrer sem fazer disso um sofrimento maior ainda ou distribuí-los aos demais sem considerar a idade e as condições dos demais. É essa excessiva pena e preocupação consigo mesmo que tanto martiriza, em mil pequenas queixas cotidianas as pessoas em volta. 

Se uma pessoa não sabe sofrer fica endurecida, amarga, reclamona, paralizada no tempo, revivendo ressentimentos. Não é errado que a dor nos desagrade. Não há que procurar a dor. Mas é preciso enfrentá-la com amor. 

Assim como no centro do prazer temos que por o amor, no centro da dor. O amor nos vem pela fé. A primeira coisa a fazer é recolher todos os pensamentos corretos sobre a dor. A dor tem um sentido na vida. A dor revela as verdadeiras dimensões da vida. 


A vida adquire seus verdadeiros nuances pela vivência da dor e do esforço que custa e que aqui nos referimos como motivo de queixa de muitos como sendo dor, mas que não chegam a sê-lo realmente. Pela dor adquirimos os verdadeiros nuances da nossa personalidade, sem a dor podemos estar iludidos. A dor nos mostra a verdadeira dimensão da vida.

A vida é solitária. Envelhecemos. Morremos. Há coisas que não podemos mudar. A dor da perda de um amor, de uma circunstância material favorável são dores que podem ocorrer na vida. Ter que acordar, tomar banho ou chegar do trabalho e ajudar a mulher com a educação dos filhos mesmo depois de um dia puxado, deixar de ir à uma festa para estudar, ou não compactuar com erros pode custar também, mas não são dores no sentido das anteriores. 

Embora tudo custe, é preciso distinguir as dores verdadeiras daquelas produzidas pelo egoísmo e que são muitas vezes as que mais comumente nos levam ao "sofrimento" cotidiano que limita o que nos somos. Para ambas as dores é preciso "saber sofrer", colocando o amor como guia da ação, da sua eleição.


Não Podemos Comparar Sofrimentos


A dor é intransferível, não podemos comparar sofrimentos. O sofrimento é único. Dor não é para ser comparada, mas compartilhada. A dor amadurece. A gente tem que crescer naquilo que a dor provoca. A dor é meio de santificação. O sofrimento purifica. Mas a dor purifica se soubermos nos despir dos raciocínios não cristãos, dos orgulhos, dos egoísmos, das pompas. 


Façamos a expiação. Façamos um propósito de oferecer as nossas dores e os nossos sacrifícios cotidianos em expiação dos nossos pecados, em desagravo pelos que ofendem a Deus e à Igreja, pela conversão dos pecadores, pelos doentes, tristes, desesperados, necessitados, abandonados, moribundos, pelas intenções do Santo Padre, pelos estudos de um filho, pela saúde do marido ou sua conversão. Tudo que não obtivermos consolação na terra a teremos de Deus, a podemos oferecer a Deus.


Vamos oferecer as nossas dores e nossos esforços cotidianos vividos sem queixas, sem aplausos, sem consolações a Deus por uma intenção nossa. A vida não é só cruz. Sejamos reconhecidos do que temos de bom e veremos que é bem mais o que recebemos do que o que nos falta e que a cruz que se nos oferece,vivida com amor nos elevará, nos tornará maiores. 


Cristo por seu sofrimento redimiu a humanidade. E você, por um jantar bem servido, sem queixas sem essas "avacalhações" e simplificações cheias de comiseração pelo próprio esforço, o que estará redimindo? Qual a sua missão na vida? Até que ponto você viveria com coragem as suas dores sabendo que sua missão, dada por Deus é a de educar os filhos, ou sustentá-los? Os sofrimentos ou pequenos sacrifícios cotidianos vão impedi-lo de realizar tudo que deve? Para que, para ficar sentado no mesmo lugar sem esforçar-se?


217 Quero que sejas feliz na terra. - Não o serás se não perdes esse medo à dor. Porque, enquanto “caminhamos”, na dor está precisamente a felicidade. 

(São Lucas 9,23)

Depois, Jesus começou a dizer a todos: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me.

Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.28.Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso.29.Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós.30.Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

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