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O "DÍZIMO" E A IGREJA



NOS PRIMÓRDIOS 

A Igreja está preferindo o uso do "DÍZIMO" em lugar da ESPÓRTULA, do latim "SPORTULA", que significa CESTO. Os Israelitas entregavam ao SACERDOTE as PRIMÍCIAS num cesto e no ALTAR:
"...tomarás as primícias de todos os frutos que recolheres do solo que Iahweh teu Deus te dará e, colocando-as num cesto, irás ao lugar que Iahweh teu Deus houver escolhido para aí fazer habitar o seu nome. Virás ao sacerdote... O sacerdote receberá o cesto da tua mão, colocá-lo-á diante do altar de Iahweh... e te prostrarás diante de Iahweh teu Deus" (Dt 26,2-11). 
O fato de ser exigida a entrega “ao sacerdote, no lugar que Iahweh teu Deus houver escolhi-do para aí habitar o seu nome”, que “colocá-lo-á diante do altar” (Dt 26,2-4), e “te prostrarás diante de Iahweh teu Deus” (Dt 26,11), deixa claro que se trata de culto com ritual próprio (Dt 26,1-11). Tem um sentido profundamente religioso que nos escapou. Esse uso passou para o Cristianismo, motivo porque, no Ofertório da Missa, o “Lava-Mãos” e a “Oração sobre as Oferendas”, são como que resquícios ou vestígios do manuseio do cesto pelo sacerdote. Eram oferendas espontâneas e voluntárias (2Cor 9,7), inexistindo no Novo Testamento qualquer manifestação a respeito do “dízimo” seja aconselhando-o, seja condenando-o. Cristo referiu-se a ele algumas vezes e somente quanto ao seu uso entre os judeus (Lc 11,42, par.; 18,12). Mas, determinou que “o trabalhador tem direito ao seu salário” (Mt 10,9-10), seguido por São Paulo (1 Cor 9,13-14). Com o tempo as pri-mícias foram substituídas por dinheiro e receberam o nome de espórtula, e assim existem até hoje em alguns lugares. O uso desta denominação exigia sempre a explicação de que não era “pagamento”, mas uma oferta que se fazia e que Jesus determinara que o sacerdote “deveria viver do altar”. Acontece, porém, que, apesar das explicações dadas, a circulação de dinheiro na Igreja sempre trouxe clima não muito salutar.

HOJE 
Até bem pouco tempo o Quinto Mandamento da Igreja determinava: "Pagar o dízimo segundo o costume."

A expressão "segundo o costume" caracteriza bem que a denominação "dízimo" permaneceu em uso, mas o que se ofertava era a espórtula, e em dinheiro. Criou-se uma espécie de "taxa" para o cerimonial litúrgico, e a simples referência ao nome "dízimo" nos leva a perceber a continuidade do sistema israelita. E a delimitação "segundo o costume" não mais o fixa nos dez por cento tradicionais, a décima parte, como era na origem. Essa denominação passou a soar como pagamento ou retribuição por um serviço ou benefício prestado, o que se torna muito constrangedor, pois o Sacramento não tem preço ou valor monetário que lhe corresponda. Também não é serviço que se presta que deva ser pago, não é comércio ou troca, "toma-lá-dá-cá".

Grave é o fiel perder o sentido da sua participação religiosa e desempenhar o papel meramente passivo. Torna-se “mero assistente”, o “pagante”, “o dono da festa”, “detentor de direitos, podendo exigir o que queira, mesmo em detrimento das necessidades espirituais da comunidade eclesial”. Não participando do ato, tudo lhe é místico e mágico, mais supersticioso que cristão. Pior que tudo é a indiferença e frieza ao ritual litúrgico, como se nada significasse, sentido-se até mesmo aliviado ao terminar. É que, com o desenrolar da História, e por causa de várias transformações havidas, bem como incompreensões e perseguições, os fundamentos teológicos das oferendas, e dentre elas do "dízimo", se perderam. Hoje, ocorrendo o mesmo fenômeno de esvaziamento com alguns Sacramentos, a Igreja passou a exigir cursos até mesmo dos pais e padrinhos de Batismo, Matrimônio, Crisma, numa espécie de reciclagem, como se diz atualmente, para a retomada dos conhecimentos religiosos esquecidos. Quando ao "dízimo", vigora o recém-promulgado Catecismo da Igreja Católica, 2.ª parte do n.º 2043, do Texto Latino (cfr. a publicação portuguesa), segundo a qual:

"O QUINTO PRECEITO ("Contribuir para as despesas do culto e para a sustentação do clero segundo os legítimos usos e costumes e as determinações da Igreja"), aponta aos fiéis a obrigação de, conforme as suas possibilidades, "prover às necessidades da Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a honesta sustentação dos seus ministros (Editora Gráfica de Coimbra, Tradução do Texto Latino Oficial; destaques propositais). 
Este dispositivo dá à oferenda uma dimensão não mais limitada seja na quantidade, seja nos usos e costumes. Sua dinâmica obrigatória é conforme a consciência eclesial de cada fiel e a equação: "conforme as possibilidades de cada fiel e conforme as necessidades da Igreja". As "necessidades da Igreja" são dimensionadas genericamente em o "necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a honesta sustentação dos seus ministros". Com isto, abre os mais amplos horizontes e com dinâmicas expressões, que escapam ao então ultrapassado e impróprio termo "dízimo", a "décima parte". Necessariamente se impõe um novo nome e mais apropriado: usaremos aqui OFERENDAS
AS OFERENDAS E A RELIGIÃO ISRAELITA
É de César Cantu a frase: "Povo que não conhece a sua história é navegante que navega sem rumo".

Quando se perde o liame da história da instituição cai-se na rotina e se desliga do sentido original. O rito perde o princípio que lhe serviu de fundamento e coesão estrutural, passa-se então a seguir a “letra que mata” e não o “espírito que vivifica” (2Cor 3,6). Impõe-se por isso a pesquisa no Antigo Testamento da instituição das oferendas entre os israelitas. Para isto teremos de registrar fatos conhecidos correndo o risco da prolixidade. Mas, para não ocasionar saltos no raciocínio preferimos correr o risco. Registramos o que já é do conhecimento geral para manter o seqüência do pensa-mento e a coerência das conclusões.

O que atualmente entendemos como religião tinha o nome de aliança entre os israelitas. Aliança de exclusiva iniciativa de Deus, contraída inicialmente com Ab sacrifício (Gn 12,8b; 26,25; 28,17-22), centro gravitacional do culto desde então. De Jacó veio o Povo de Israel, formado pelas doze tribos oriundas de seus doze filhos. Moisés confirma e repete essa Aliança com o Povo de Israel no Monte Sinai, selando-a também com o sacrifício (Gn 24,1-8), que se torna o centro essencial dela, e o seu culto significava e atualizava a união de Deus com todo e cada um do então já Povo de Iahweh. Institui-se o sacerdócio, pois onde não há sacerdócio não há sacrifício e onde não há sacrifício não há sacerdócio (Hb 8,3): Iahweh após a Páscoa institui o sacerdócio de Aarão (Ex 28-29).

AS OFERENDAS E O "DÍZIMO"
Não se pode confundir o Dízimo dos Israelitas com o mencionado em Gn 14,20 ou Gn 28,22, nem com o de outros povos, praticados em reconhecimento por algum benefício recebido. Aquele, o Dízimo dos Israelitas, é a entrega a uma parte da Tribo de Levi da parcela que lhe coube como herança na Terra Prometida (Nm 18,20-24), já que não recebeu uma parte da terra objeto da conquista a que teria direito. Também, a outra parte da mesma tribo, a Casa de Aarão, que também não tivera herança, recebia em seu lugar outras oferendas (Nm 18,1-19). Os levitas, assim chamados os que recebiam o dízimo, também o entregavam à Casa de Aarão (Nm 18,25-29), ramo principal dos mesmos levitas. Pode-se dizer que a Casa de Aarão detinha o sacerdócio pleno (Ex 28-29) e os demais levitas exerciam o sacerdócio auxiliar, entregues à Casa de Aarão em lugar dos primogênitos (Nm 3-8, "os doados"). A Bíblia esclarece assim que o dízimo é uma das oferendas, e que ambas significam ou representam a porção de herança da Terra Prometida devida à Tribo de Levi, (Nm 11-18) separada para o exercício perene do sacerdócio: a herança que lhes coube é o próprio Deus, significado no que Lhe é destinado no sacrifício:
"Iahweh disse a Aarão: 'Não terás herança alguma na terra deles e nenhuma parte haverá para ti no meio deles. Eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos Filhos de Israel" (Nm 18,20)

"...os levitas não possuirão herança alguma no meio dos Filhos de Israel, visto que são os dízimos que os Filhos de Israel separam para Iahweh, que eu dou por herança..." (Nm 18,23-24) 

"Eis o que te pertencerá das coisas santíssimas, das oferendas apresentadas: todas as oferendas que me restituírem os Filhos de Israel, a título de oblação, de sacrifício pelo pecado e de sacrifício de reparação; são coisas santíssimas que te pertencerão..." (Nm 18,9).

Facilmente se percebe que as oferendas, dentre elas o dízimo, não eram pagamento nem donativo nem contribuição nem qualquer outro nome do que se dá gratuitamente, mas eram a herança da Tribo de Levi. Por isso a décima parte, o dízimo, em virtude das doze tribos, deduzida a deles, cada uma lhes entregava um décimo, recebiam com justiça o seu quinhão, completando-se a sua parte com as "cidades que cada tribo lhe daria em proporção com o seu quinhão" (Nm 35,1-8). Hoje não existe essa situação na Igreja, não havendo motivo para se falar em "dízimo ou décima parte". Por isso colocamos no título a palavra "dízimo" entre aspas. Também dízimo não se confunde com espórtula, esta significando as primícias que se entregava num cesto, como acima transcrito: são coisas distintas, pois a primícia é outra forma de oferenda. Dessa maneira, em vez de trabalharem a terra para a própria manutenção, trabalhariam "na seara do Senhor", a serviço de Deus. Não lhes era um pagamento, mas um direito advindo da eleição de que foram alvo: "separados" por Iahweh para o exercício dosacerdócio, centro gravitacional do Culto da Aliança (Ex 24,1-8). Sendo Iahweh o dono de toda a terra, dava Tribo de Levi a função do sacerdócio e todas as oferendas que Lhe eram destinadas e Lhe pertenciam (Ex 24,8, "...imolaram a Iahweh..."). Dessa maneira, torna-se a Tribo de Levi o ponto de convergência de toda a atividade material e espiritual dos israelitas: a comunidade do Povo de Iahweh unida pela Aliança e em obediência a Sua Vontade, em torno do Altar.

Além das primícias e dízimos muitas eram as oferendas destinadas a Iahweh, tais como os primogênitos das vacas e ovelhas (Ex 22,29), a oblação (Lv 2), as vítimas (ou hóstias) dossacrifícios (Lv 1-7; Nm 18), das quais algumas partes eram entregues aos sacerdotes. Essas oferendas não substituíam nem dispensavam o dever de cada um doar espontaneamente ofertas para a construção do templo; para o santuário e para as vestimentas para o sacerdócio (Ex 25,2...; 35,5...; 39,43); o siclo do santuário, a que cada um, sem distinção de classe, estava obrigado (Ex 30,11-16; Mt 17,24); os dons voluntários ou votivos (Dt 12,11; Mc 12,41) etc.. Uma não dispensa a outra, pois cada uma tem uma destinação e um objetivo adequado.

O SENTIDO RELIGIOSO DA OFERENDA
A Bíblia, por si mesma, não revela em uma simples leitura toda a sua dimensão cultural. Tendo sido escrita para os israelitas do tempo, seus condicionamentos culturais não necessitavam esclarecimentos, vividos que eram por todos. Para melhor se compreender isto basta um exemplo: imagine-se um escritor brasileiro descrevendo uma situação confusa de hoje, que use a expressão "'embananou' o 'meio de campo'". Para nós, culturalmente condicionados ao uso da expressão "embananou" e pelo "futebol", fácil é a compreensão do que quisera dizer o escritor. Mas, para um simples leitor daqui a quatro mil anos, que desconheça o "embananar", ser-lhe-á impossível, se não fizer uma análise mais profunda de nossa cultura, e relacionar a expressão com o efeito da "banana" e com as regras do "futebol". Da mesma forma, a Bíblia está repleta de narrações desse tipo, culturalmente condicionadas ao tempo em que foram escritas, exigindo análise mais atenta para se compreendê-las. Acontece o mesmo quando se busca compreender sentido religioso ou a teologia das oferendas na cultura israelita. 

Inicialmente é de se recordar, para um melhor raciocínio, a prática sistemática da entrega da herança da Tribo de Levi, que se constituía das oferendas para a casa de Aarão, o sacerdócio pleno, e dos dízimos para os demais levitas, o sacerdócio auxiliar. Tratando-se de entrega ao próprio Deus (cfr. abaixo: "...oferece o pão do teu Deus"), desfrutavam de uma importância espiritual e sagrada, equivalente à representação vicária de Iahweh entre as demais tribos, que se traduzia em profundo respeito e veneração em virtude da santidade sacerdotal:
"...o sacerdote é consagrado a seu Deus. Tu o tratarás como santo, pois oferece o pão do teu Deus. Será santo para ti, pois eu sou santo, eu, Iahweh, que vos santifico" (Lv 21,7c-8). 
Formava-se então, em torno do sacerdócio, verdadeira comunidade espiritual e mística das tribos israelitas, unindo, material e espiritualmente, todos e cada um de todas as tribos, uns com os outros, entre si e com os sacerdotes, e por meio destes com o próprio Iahweh. Além daquela já mencionada entrega das primícias em um cesto (Dt 26,2-4), há ainda outra prática sistemática culturalmente condicionada, quando se determina que se deve "comer" as oferendas:
"Não poderás comer em tuas cidades o dízimo do teu trigo, do teu vinho novo e do teu óleo, nem os primogênitos das tuas vacas e ovelhas, nem algo dos sacrifícios votivos que hajas prometido, ou dos teus sacrifícios espontâneos, ou ainda dons da tua mão, tu os comerás diante de Iahweh teu Deus, somente no lugar que Iahweh, teu Deus, houver escolhido, tu, teu filho, tua filha..." (Dt 12,17-18; leia-se também Dt 12,11-12; 14,22-26). 
A seguir literalmente esta perícope, o israelita que fosse entregar as primícias, o dízimo, os primogênitos, em suma, as oferendas, teria que "comê-las' no lugar escolhido por Iahweh Deus", nada entregando à Tribo dos Levitas da herança que lhe pertencia. Mas, o israelita de então compreendeu facilmente que Deus usara os termos do Ritual do Sacrifício. Asoferendas destinada a Deus, deveriam ser consagradas ou santificadas no altar pelo sacerdote. Delas "comeriam" o ofertante e sua família, o sacerdote e "o próprio Deus":
"Em relação a Iahweh vosso Deus... buscá-lo-eis somente no lugar... escolhido... para ai colocar o seu nome e fazê-lo habitar. Levareis para lá vossos holocaustos e vossos sacrifícios, vossos dízimos e os dons de vossas mãos, vossos sacrifícios votivos e vossos sacrifícios espontâneos, os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. E comereis lá, diante de Iahweh vosso Deus, ...vós e vossas famílias..." (Dt 12,4-7). 
É São Paulo quem esclarece com maior objetividade o sentido da manducação das oferendas, quando afirma:
"...os que comem as vítimas consagradas não estão em comunhão com o altar?" (1Cor 10,18). 
E Jesus confirma tudo isso quando, referindo-se ao Altar, diz:
"Cegos! Que é maior, a oferta ou o altar que santifica a oferta?" (Mt 23,19). 
Ora, desde a Aliança do Sinai o sacrifício se torna o centro gravitacional do culto israelita, tendo sido até mesmo concluída com a aspersão de sangue no Altar e no Povo (Ex 24,4b-8). Nele as oferendas são "o pão do teu Deus" (Lv 21,8), santificadas no Altar, e "comendo-as", entra-se em comunhão com Iahweh. Então, não é outro o sentido religioso das oferendas, ou a sua teologia: Por meio delas, "comendo-as" num sacrifício, entra-se em comunhão com Iahweh.

AS OFERENDAS E O SACRIFÍCIO

A Bíblia nos mostra várias conotações dos sacrifícios israelitas, pelo que se torna indispensável o exame de algumas, mesmo superficialmente, para que se compreenda o que é um sacrifício e se fundamente a sua finalidade. Inicialmente, é de se mencionar o que poder-se-ia denominar de substituição, desde quando da entrega pelo próprio Deus de um cordeiro para ser imolado por Abraão no lugar de seu filho unigênito Isaac, eficazmente aceito (Gn 22,13.16). Usada também nos holocaustos (Lv 1,4), nos sacrifícios de reparação ou pelo pecado (Lv ,15-20.24-26.29-31.33-35  etc.), bem como nos sacrifícios de comunhão, de eficácia reconhecida:
Porá a mão sobre a cabeça da vítima... O sacerdote fará assim o rito de expiação para esse homem, e ele será perdoado" (Lv 4,29-31). 

A substituição de maior relevância que se conhece é a de Jesus Cristo, a vítima do pecado:
"Mas Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores" (Rm 5,8). 

  • Outra conotação subjacente ao sacrifício é a solidariedade, advinda da Aliança, de todos e de cada um dos membros do Povo de Israel, tanto no bem como no mal que a comprometesse. É o que retrata o episódio de Acã:
    "Mas os filhos de Israel tornaram-se culpados de violação do anátema: Acã... apoderou-se de coisas que estavam sob anátema; e a ira de Iahweh inflamou-se contra os filhos de Israel" (Jos 7,1). 
    Um só membro, de uma única tribo, violou a determinação de Deus e todos os filhos de todas as tribos de Israel caíram sob a ira de Iahweh, e perderam a batalha de Hai! Somente após o castigo do culpado é que se consegue conquistá-la (Jos 7,1-26). Aqui aparece a solidariedade no mal com a derrota havida com a transgressão e a solidariedade no bem com a vitória após o castigo do transgressor. Esta solidariedade vem também quando Deus poupa os israelitas por intercessão de Moisés (Ex 32,30-34), pela ação de Finéias em Fregor (Nm 25,10-11), na figura do Servo de Deus (Is 53,4-6.12) e várias outras passagens. Destaca-se a Obra da Redenção de Jesus que trouxe o bem, livrando-nos do mal que trouxe Adão. São Paulo resume essa noção de solidariedade, indispensável para a compreensão do sacrifício, ao dizer:
    “E se as primícias são santas, a massa também o será; e, se as raízes são santas, os ramos também o serão” (Rm 11,16). 
    Apenas estes dois elementos foram suficientes para os Israelitas de então compreenderem o sentido e o alcance da ordem de “comer as oferendas no lugar indicado por Deus”: somente uma parte delas seria “comida” e em “sacrifício”, significando-as em sua totalidade, para a santificação. À santificação da parte corresponderia a santificação do todo. “Comeriam-nas” o ofertante e sua família, o sacerdote e, com a queima de algumas partes delas, “o próprio Deus” (Lv 3,5,16 etc.), estabelecendo-se então a santificação de todos com a santificação da parte.
  • AS OFERENDAS, O SACRIFÍCIO E A SANTIDADE
    Outros elementos existem, indispensáveis para a compreensão da necessidade espiritual da entrega das oferendas num altar. Deus se compromete com os Filhos de Israel, a partir da Aliança com o Patriarca Abraão, a torná-los "um reino de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19,6). Pode-se dizer que a santidade é o objetivo principal da Aliança, pois Deus é santo e tudo o que lhe pertencer deve ser santo:
    "Sede santos, porque Eu, Iahweh vosso Deus sou santo" (Lv 1-2). 
    Ninguém, porém, por si só, pode ser santo; é Deus quem santifica e Ele mesmo dá as normas para a santificação:
    "Guardareis os meus estatutos e os praticareis, pois sou eu, Iahweh, que vos santifico" (Lv 20,8). 
    Também especifica as normas rituais (Lv 1-7), as legais (Lv 11-16), as morais (Lv 17-23; Ex 20-23) e até mesmo as sacerdotais (Lv 8-10) para essa santificação, cujos princípios basilares podem se resumir em dois: 
    1. o primeiro já foi mencionado: só Deus é Santo e santifica o que lhe pertence, principalmente o Seu Povo; e,  
    2. o segundo: o comportamento de cada um e de todo o Povo de Iahweh reflete a Santidade de Deus, dada a exigência do cumprimento de normas de santidade de vida, corporificados no Decálogo e no Código da Aliança etc..
      A Santidade é um atributo de Deus. No entanto, no Homem, mesmo sendo exigida a interior (Ex 20,17; Dt 5,21), é exteriorizada apenas pelo comportamento ou conduta. E é-lhe impossível ser santo como Deus o é. Pode refleti-la como num espelho, pelo seu comportamento ou conduta, seja familiar, seja profissional, seja social (Mt 5,16). Antes do pecado original, o Homem é a “imagem” de Deus (Gn 1,26; Sl 8,6; Sb 2,23; 2 Pe 1,4; Col 3,10; 2 Cor 3,18; Rm 8,29); após o pecado Adão gera um filho que “reflete” então a “imagem de Deus” comprometida, "imagem de Adão" (Gn 5,3), sem as perfeições naturais recebidas antes (Gn 1,26), não mais a mesma Santidade de Deus. O retor-no do Homem a Deus, à Vida em Graça, “refletindo” em si mesmo a santidade de Deus perdida, é obra da Redenção em Jesus Cristo que o faz Homem Novo:
    "...os que de antemão ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem de seu filho, a fim de ser ele o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8,29). 
    Essa Redenção estava "em germe" na Obra de Santificação e já se operava no Povo de Israel, "em figura". É a mesma dinâmica da solidariedade da parte com o todo:
    "Israel era santo para Iahweh, as primícias de sua colheita" (Jr 2,3 
    Com a Santificação das Primícias vai se operar a Santificação da Massa toda (Rm 11,16). Esta santificação está estreitamente vinculada à Aliança que Deus contraiu com o Povo no Sinai, que ratifica o comportamento fiel dos Patriarcas, “que andaram com Deus”: - Noé foi libertado da cor-rupção do mundo por ser “justo e andar com Deus” (Gn 6,9); os Patriarcas, libertos do paganismo, firmam uma Aliança com Deus (Gn 12,1; Jos 24,1-13); e, finalmente tirou o então formado Povo de Deus do Egito para dar-lhe a Terra Prometida, os Mandamentos e o Código da Aliança. Em cada uma dessas ocasiões foi oferecido um sacrifício com a aspersão do sangue no Altar e, por último, também no Povo:
    "...depois que Moisés proclamou a todo o povo cada Mandamento da Lei, ele tomou o sangue de novilhos e de bodes... e aspergiu o próprio livro e todo o povo, anunciando: 'Este é o sangue da Aliança que Deus vos ordenou.' Em seguida ele aspergiu com o sangue a tenda e todos os utensílios do culto. Segundo a lei, quase todas as coisas se purificam com sangue; e sem efusão de sangue não há remissão" (Hb 9,19-22). 
    Surge outro elemento integrante do sacrifício, o sangue que expia, e "sem a efusão dele não há purificação e remissão" (Lv 8,15.24.30; 9,15-18; 16,19; 17,11), aliado ao "altar que santifica a oferenda" (Mt 23,19), exigindo a consagração dos sacerdotes e dos utensílios para o culto (Ex 25-30), destacando-se:
    "Oferecerás pelo altar um sacrifício pelo pecado, quando fizeres por ele a expiação, e o ungirás para consagrá-lo. Durante sete dias farás a expiação pelo altar, e o consagrarás; assim, o altar será santíssimo, e tudo que o tocar será santificado" (Ex 29,36-37). 
    Depara-se com um ritual especial, a unção sagrada, e é o próprio Deus que determina o modo de prepará-la para os fins específicos da santificação de tudo, até mesmo dos sacerdotes:
    "...farás um óleo para a unção sagrada... com ele ungirás... o altar dos holocaustos... consagrarás essas coisas e serão muito santas; quem as tocar ficará santificado. Ungirás também a Aarão e seus filhos e os consagrarás para que exerçam o sacerdócio em minha honra" (Ex 30,25-30). 
    Conclui-se que pela unção sagrada santifica-se o altar e o sacerdote, oferecendo-se em seguida o sacrifício pelo pecado (Ex 29,36) para a eficácia do ato, eis que a vítima oferecida completa o ritual, pois sem a hóstia ou oferenda não há sacrifício, nem santificação. Só se completa o ato litúrgico com a “oferenda queimada em suave perfume de agradável odor a Iahweh” (Lv 3,5). Pela importância do sacrifício somente dele poder-se-ia participar quem estivesse em estado de pureza legal e de santidade (cfr. Lv 7,20-21; 11,44-45). Caso algo as comprometesse dever-se-ia purificar antes, conforme rituais específicos (Lv 11,25.28.32.40). No caso da santidade violada havia ainda os sacrifícios: o holocausto, o sacrifício de expiação ou o sacrifício de reparação ou o sacrifício pelo pecado. Impunha-se as mãos sobre a cabeça da vítima perfazendo-se a substituição do ofertante por ela (Lv 1,4). No holocausto a vítima toda é queimada [o fogo, desde Abraão, significa o próprio Iahweh (Gn 15,17)], por ninguém comida, estando eivada pelo pecado do ofertante. Já nos sacrifí-cios pelo pecado algumas partes eram comidas apenas pelos sacerdotes e outras queimadas (Lv 6,19.23). Não é a estes tipos de sacrifícios que Iahweh se refere quando determina a manducação das oferendas.

    O Israelita compreendeu, sem esforço algum, que Iahweh se referia à refeição sagrada ou  sacrifício de comunhão, do qual todos “comem” (Lv 3,1-7), quando determinou que “as oferendas as primícias e o dízimo fossem comidas” (Dt 12,17-18; leia-se também Dt 12,11-12; 14,22-26)., e muito mais ainda. Compreendeu que, além da comunhão que se estabelecia, acontecia a santificação do todo pela santificação da parte. A partir da santificação da oferenda estabelecia-se a dos partici-pantes do sacrifício, do ofertante e sua família e seus convidados, e até mesmo a tribo e todo o Povo de Israel: pela entrega da herança de Levi ao sacerdote e em se “comendo” das coisas santificadas tonava-se santificado e em comunhão uns com os outros e com Iahweh.

    A TEOLOGIA DAS OFERENDAS 
    Tudo isso explodiu no Cristianismo sem dificuldades ou óbices de qualquer espécie. Cristo nunca se referiu à fundação de nova religião, nem insinuou uma vez sequer uma separação do judaísmo. Os Apóstolos e os primeiros cristãos continuaram freqüentando o templo e as cerimônias litúrgicas dos judeus (Lc 24,53; At 2,46; 3,1 etc.). O próprio Jesus dissera:
    "Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um "iota", nem um "til" da Lei, sem que tudo seja realizado" (Mt 5,17-18).
    Por causa dessa afinidade e continuidade, todo o aculturamento religioso que não conflitava com a doutrina de Cristo penetrou nos rituais litúrgicos da Igreja. Principalmente na Fração do Pão, a Eucaristia, de que os sacrifícios israelitas eram "figura" (1 Cor 10,6.11; Rm 15,4; Hb 9,24; Gl 4,24-26):
    "Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6,56). 

    "...Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: 'Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim.' Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim" (1 Cor 11,23-25). 
    Jesus se apresenta como a vítima, a própria oferenda, a essência de todo o sacrifício e desde o Antigo Testamento fonte da comunhão do Homem com Deus. Quando anuncia a Ceia Eucarística (Jo 6) os judeus arrepiam-se ao ouvirem-no falar em "comer a sua carne" e "beber o seu sangue". 

    Compreenderam, aculturados tal como seus antepassados, que Jesus seria a vítima ou hóstia do sacrifício (Jo 6,69). Da mesma forma sentiram profunda aversão, culturalmente comprometidos, com a modificação em "beber o sangue", o que lhes fora sempre vedado (Lv 12,16.23). O sangue era considerado "a sede da vida":
    "Porque a vida da carne está no sangue. E este sangue eu vo-lo tenho dado para fazer o rito de expiação sobre o altar, pelas vossas vidas; pois é o sangue que faz a expiação pela vida" (Lv 17,11). 
    Já os primeiros cristãos compreenderam que o sacrifício que lhes era entregue era o de comunhão, pois dele comeriam todos, tal como na refeição sagrada, e ao "beberem o sangue" beberiam a "Vida de Cristo". Tanto é assim que São Paulo o compara com os sacrifícios pagãos distinguindo-os do sacrifício israelita (1 Cor 10,14-20). Destaca além do caráter sacrificial dele, também o caráter sacramental pela "comunhão com o corpo e com o sangue do Senhor" (1 Cor 10,16), dEle recebendo a vida divina, a graça:
    "Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim..." (Jo 6,57). 
     Receber a Vida de Cristo é santificar-se, "cumprindo em plenitude o que os sacrifícios antigos prefiguravam" (Hb 9,9-14). Jesus vincula o seu sacrifício à Aliança do Sinai (Ex 24,8), "cumprindo-a" (MT 5,17-18):
    "Este é o Cálice da Nova Aliança em meu Sangue..." (! Cor 10,25).
    "Este é o Sangue da Aliança que Iahweh fez conosco..." (Ex 24,8). 
    Assim, cada vez que se celebra a Eucaristia e se come e se bebe o corpo e o sangue do Senhor, o sangue dEle é aspergido em todo o "corpo místico de Cristo", a Igreja (Ef 1,22-23; Col 1,18), "santificando-o". "Perpetua" a Aliança de Moisés (Ex 24,8) e o "sacrifício da cruz" (Sacrosanctum Concilium n.º 47). Jesus é o "Santo de Deus" (Jo 6,69).

    Não há um só elemento “em figura” nos sacrifícios israelitas que não esteja “em plenitude” no Sacrifício da Eucaristia. Para Ela é que se convergem, da mesma forma, as oferendas, não mais como a herança de uma tribo ou sacerdotal, mas a herança do Corpo Místico de Cristo em toda a plenitude. É também, até mesmo pela simples entrega delas, a unificação de todos, material e es-piritualmente, santificando-se na oferenda consagrada, ao comer cada um e todos a hóstia (=vítima) santa, antecipando-se o Banquete Messiânico (Lc 22,18; 1 Cor 11,26) da Comunidade Eclesial en-tão formada, pela manducação do Corpo do Senhor. Jesus é a própria oferenda, não como entre os Israelitas onde Deus se significava nela para alimentar uma tribo; agora é o próprio Jesus Res-suscitado, o Filho de Deus Vivo, o Santo de Deus, que alimenta o Seu Próprio Corpo, unificando-O e santificando-O:
    "Já que há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão ... aqueles que comem as vítimas sacrificadas não estão em comunhão com o altar?" (1 Cor 10,17). 
    Com as oferendas depositadas no altar durante o Ofertório, na consagração da hóstia, atinge-se a comunhão com Deus e com os irmãos, no Corpo Místico de Cristo e recebendo o próprio Cristo, no corpo e sangue, o cristão volta a refletir a "imagem de Deus" perdida pelo pecado:
    "E nós que, com a face descoberta refletimos como num espelho a Glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito" (2 Cor 3,18). 
    De tudo o que foi exposto conclui-se que a oferenda é um culto a Deus, a participação do “trabalho humano”, tal como se diz no início da Missa, na constituição material da vítima (=hóstia) consagrada, a oferenda santa por excelência, o próprio Corpo e Sangue de Cristo, a essência do sacrifício, a unificação, centro e ápice da comunhão e santificação da Igreja, em plenitude. Com a oferenda se participa na Obra de Santificação de todo o mundo pela santificação de uma parte. É ser vítima consagrada com Cristo, em união plena e indissolúvel. Faz-se parte de toda a atividade da Igreja tal como o Catecismo enseja, participando de toda a satisfação das “necessidades dela, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a honesta sustentação de seus ministros”. Além de vítima ou hóstia o fiel deve ter consciência da sua participação também em todo ato litúrgico, tanto nos demais sacramentos, onde está presente materialmente com o fruto dos rendimentos de seu trabalho, bem como em toda e qualquer obra da ou ato Igreja, sem outro interesse que a comunhão com Deus, nunca a espera de qualquer recom-pensa ou fortuna. Não é um negócio que faz com Deus, é um ato litúrgico, um culto. 



    O QUE A OFERENDA NÃO É...

    • Não é "dízimo": assim denominá-la é minimizá-la, e encará-la "apenas" como solução dos problemas econômico-financeiros da comunidade ou como meio de sustentação do clero ou do culto; é desvirtuá-la, desviando-a de sua finalidade precípua e fundamental de meio por excelência de comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo. A oferenda é um culto a Deus, um ato litúrgico praticado pelo Homem Todo na Comunidade Eclesial, que assim se santifica oferecendo o seu trabalho para a santificação de toda a Igreja e do mundo todo, doando-se a si mesmo e tornando-se vítima com Jesus.
    • Não tem um valor estipulado em porcentagem, mas deve, "conforme as possibilidades de cada um, prover às necessidades da Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e para a honesta sustentação dos seus ministros", o que indica a transparência com a mais ampla divulgação do plano pastoral e plena participação de cada um, conforme a sua própria vocação pessoal, bem como o orçamento e a receita da paróquia.
    • A oferenda não isenta o fiel de outras participações, até mesmo de caráter extraordinário que possam ocorrer ou de qualquer outra natureza, necessárias e concernentes para a vida comunitária. Não se confunde com os deveres individuais de caridade nem os substitui ou anula, nem ainda com as obrigações sociais de cada pessoa ou obras de misericórdia. Também não substitui a espórtula, que ocupa o lugar das primícias devidas a Deus, que, por sua vez, também não se confunde nem impede a participação com oferendas voluntárias ou votivas
    • A oferenda não é uma doação, deve ser entregue, é um direito da Igreja (Mt 10,10; 1Cor 9,11-14). Não pode ser objeto de nenhuma organização de controle ou fiscalização, no que vai contrariar a vivência do fiel no seu conteúdo doutrinário. Estará "pagando", não "comungando", nem "cultuando". 
    • "Deus não faz acepção de pessoas" (Dt 10,17; At 10,34; Rm 2,11; Gl 2,6; Ef 6,9; Cl 3,25; Tg 2,1; 1Pe 1,17), não cabendo a classificação meritória de "dizimistas", por vários outros motivos: 
      • Contraria toda a "teologia comunitária" da oferenda, com a qual se estabelece pela própria natureza dela a vida em comunhão com Deus e com todo o Povo de Deus pelo sacrifício.
      • Fere a realidade do Corpo Místico de Cristo, que não é uma figura de ficção. Qualquer contribuição pessoal, por mais individual que seja, é a participação de todos na santificação dos membros, principalmente aqueles que nada possuem e não podem doar nada, devendo ser muitas vezes objeto da "misericórdia" da comunidade de fiéis. Apesar dessa situação deles, também participam igualmente do Corpo Místico de Cristo (Fl 1,12; 3,10; Cl 1,24; 1Cor 10,16; 2Tm 1,8).
      • Estabelece uma distinção que não pode existir no Sacrifício Missa ou Eucaristia, pois sendo a oferenda um culto que a Igreja presta a Deus, estabelece-se neste culto uma discriminação comunitária. Não se deve perder de vista que uma das "virtudes" que o fariseu apontou contra o "publicano" da Parábola foi o de "pagar o dízimo de todos os seus rendimentos" (Lc 18,12) e nem por isso foi justificado...
    • A oferenda deve ser entregue em virtude de seu sentido espiritual e religioso, sem outro interesse que o litúrgico, um culto, sentindo o fiel a sua participação no Sacrifício de Cristo como Hóstia ou Vítima, um só Corpo com Ele, não se insinuando na Igreja o sentido material desligado do religioso, para também por esse meio se santificar e se sacramentar o humano. 





    BIBLIOGRAFIA  

      1.  Introdução à Bíblia - 10 vols. Direção Geral: P. Teodorico Ballarini, OFM  Cap., VOZES.
      2.  La Sainte Bible - 16 vols., Sous la Direcion de Louis Pirot et Albert Clamer - Paris.
      3.  O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo - Russell Norman Champlin.
      4.  Los Evangelios Apocrifos - Aurelio de Santos Otero. Biblioteca de Áutores Cristianos.
      5.  Nuevo Testamento Trilingüe - José Maria Bover y José O'Callaghan - BAC, Madrid.
      6.  Chave Lingüística do N. Testamento Grego - Fritz Rienecker/Cleon Rogers.Vida Nova.
      7.  Vida de Cristo - Giuseppe Ricciotti.
      8.  Antologia dos Santos Padres - Cirilo Folch Gomes, OSB.
      9.  Patrologia - Berthold Altaner e Alfred Stuiber
    10   Verbum Dei, Comentario a la Sagrada Escritura - B. Orchard e outros; 4 vols.;   Herder.
    11.  Novo Testamento - Tradução Portugueza, 1909, Bahia, Typ. de S. Francisco.
    12. Teologia do Evangelho de São João - Bento Silva Santos, OSB.
    13. A Interpretação do Quarto Evangelho - C. H. Dodd.
    14. O Evangelho de São João - Juan Mateos e Juan Barreto.
    15. Synopse des Quatre Évangiles - P. Benoit & M. -E. Boismard
          Tome I Textes
          Tome II (Apresentam uma teoria de "Como se formaram os Evangelhos")
          Tome III - L'Évangile de Jean
    16. O Antigo Testamento, Fonte de Vida Espiritual - Paul-Marie De La Croix.
    17. O PAI: Deus em Seu Mistério - François-Xavier Durrwell.
    18. Vários Comentários aos Evangelhos.
    19. Metodologia do Novo Testamento - Wilhelm Egger.
    20. Jesus Existiu? - René Latourelle.
    21. Mysterium Salutis - 27 vols. - Diversos Autores - Vozes.
    22. Suma Teológica - São Tomás de Aquino, 3ª Parte, Questões 73 a 83.
    23. Catecismo da Igreja Católica - João Paulo II.
    24. Diversa Monografia do Tema "DÍZIMO'.
    25. Vocabulário de Teologia Bíblica, Direção de Xavier Léon-Dufour S. J., mais 70 exegetas,      Tradução de Fr. Simão Voigt.
    26. Dicionário Enciclopédico da Bíblia, A. Van Den Born, Ed. Vozes.
    27. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Lothar Coenen -
          Colin Brown, 4 volumes, Edições Vida Nova.
    28. O Novo Dicionário da Bíblia, Editor Organizador - J. D. Douglas, e vários assistentes, 2       volumês, Edições Vida Nova.
    29. Dicionário Bíblico, John L. Machenzie, Edições Paulinas.
    30. Dicionário Bíblico, Mons. A. Vincent, Edições Paulinas.

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