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O renascimento que ninguém esperava – o catolicismo ganha novo fôlego no Reino Unido



Com uma nova catedral, novas ordenações e novos Oratórios, estaria a Igreja Católica na Inglaterra entrando em um tempo de renovação?




QUE A FÉ CRISTÃ atravessa um péssimo momento em toda a Europa, isto não é segredo para nenhum católico minimamente informado. Ainda assim, apesar de toda a tragédia da situação, Nosso Senhor parece ouvir as súplicas de sua Mãe Santíssima e vem dando sinais de ainda manter a sua Mão misericordiosa estendida sobre o Velho Continente. As notícias nos dão um panorama de um movimento ainda modesto, mas firme e crescente, que se mantém na direção de uma renovação, como se pode perceber nos dados abaixo:


• Os católicos britânicos verão, em breve, a idílica e histórica cidade de Preston ainda mais bela com a edificação de uma nova catedral (para os católicos siro-malabares), que há longa data vinha sendo esperada.


• Em junho último (2016), a ordenação de um diácono na Diocese de Southwark atraiu manchetes em publicações católicas de todo o mundo: a vocação de Joice James Pallickamyalil é um belíssimo fruto do programa de formação da Universidade de St Mary.


• No mês passado uma nova Eparquia católica para a Grã-Bretanha – que é uma espécie de diocese sem fronteira – foi anunciada.


Tudo isso a partir de uma comunidade britânica siro-malabar de aproximadamente 40 mil membros que, até recentemente, a maioria dos católicos daquele país nem sequer sabia que existia.





Católicos siro-malabares (de origem indiana e que segundo a Tradição tem origem na evangelização de São Tomé) são fiéis e vivem a fé da Igreja ativamente. Ganharão uma catedral em Preston, Reino Unido



• Todo segundo sábado do mês, cerca de 3 mil almas convergem para um centro de convenções em West Bromwich, onde permanecem por um dia, com a récita do Terço, celebração da Santa Missa, adoração do Santíssimo Sacramento e a participação da catequese em dois idiomas. Este é certamente o maior encontro regular de católicos em toda a Grã-Bretanha. Um evento realizado na arena de Nottingham, em julho passado e organizado pelo mesmo grupo – o SehionUK – atraiu mais de 5.000 pessoas.


Disse o correspondente do "Catholic Herald": "Estamos vendo os primeiros frutos de um verdadeiro ressurgimento, talvez até mesmo uma ressurreição (com tudo o que isso implica), do catolicismo britânico".


• Outro exemplo é a Escola da Anunciação, em Buckfast, Devon, um dos vários novos (ou renovados) estabelecimentos educacionais que tomam a fé católica muito a sério.

• Enquanto isso, em Orkneys (Norte da Escócia), a congregação dos Irmãos do Santíssimo Redentor foi aprovada como Instituto de Direito Diocesano pelo bispo Hugh Gilbert, no início deste ano, estando já reconciliados com Roma desde 2008 (um movimento que, se os relatórios recentes vierem a se concretizar, podem ter pavimentado o caminho para um possível regresso definitivo da FSSPX).


• Falando da vida religiosa no Norte, há as Congregações das Irmãs do Evangelho da Vida, em Glasgow (estabelecida no ano 2000), a dos Irmãos de Santo Ambrósio e São Carlos, em Carlisle (estabelecida em 2014), dois novos Oratórios em York e Manchester (e outro a caminho de ser reconhecida em Bournemouth) e três freguesias históricas que vem ganhando força, por dois grupos tradicionalistas: o Instituto de Cristo Rei (Preston, New Brighton) e o daFraternidade Sacerdotal são Pedro (FSSP - Warrington).


Novas catedrais, novos centros de aprendizagem, novas ordens religiosas... Soa como um tempo de renovação católica em pleno coração da Europa?


Parece temerário ou imprudente, eu sei, falar de renovação e ressurreição em um momento de fechamento de paróquias e estatísticas desanimadoras em todo o Velho Continente. É verdade que todo e exposto até aqui pode parecer uma débil esperança em comparação com os quatro milhões de católicos de berço que não frequentam mais a Igreja. Mas, embora isso possa soar como loucura, períodos de renovação sempre começam no meio da crise; o próprio reconhecimento de que algo precisa ser feito, e com urgência, é muitas vezes o que inspira e energiza. E como Chesterton certa vez observou, ser católico nos liberta de restringir nossos horizontes ao presente.


Segundo o Catholic Herald, para a maioria dos católicos britânicos, os problemas pastorais de hoje são o fruto dos erros graves que vieram e continuam ocorrendo há décadas e se intensificaram após o CVII (embora não tenham sido necessariamente causados por este). A julgar pelo que está ocorrendo agora, então, poderíamos dizer que daqui há algumas décadas um novo amanhecer poderá surgir de fato.
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Fonte:
Catholic Herald, disp. em:
http://www.catholicherald.co.uk/issues/august-12th-2016/the-revival-no-one-expected/

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