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A Graça Batismal, o futuro incerto do mundo e o conforto dos cristãos





O FREI MARIA-Eugênio do Menino Jesus, ocd1, lá pelos fins dos anos 1950/ inícios dos 1960, como autêntico místico católico parece ter profetizado, com assombrosa precisão, os tempos em que agora vivemos. O que consola é constatar que a solução para os males de sempre permanece, igualmente, a mesma de sempre.

Riquezas espirituais


É uma linguagem espiritual, unicamente espiritual, que eu quereria ter convosco. Entretanto, começando, não posso me impedir de sublinhar que vivemos num mundo inquieto, agitado. Qual é a causa dessa agitação, dessa inquietação? Vocês a conhecem, como eu, talvez melhor do que eu.

Um mundo inquieto e agitado


Povos jovens se erguem e afirmam suas aspirações a uma vida pessoal independente, talvez a um poder dominante. Além disso, no mundo instalam-se também atualmente ideologias poderosas, que parecem querer destruir nossa velha civilização cristã. Essas ideologias não ocultam que têm uma nova concepção da civilização e mesmo do homem; seduzem com promessas enganadoras não somente indivíduos, mas até massas inteiras, ávidas por felicidade. Se vemos nos países aspirações puramente humanas, é muito possível que nas ideologias haja mais do que isso, ou seja, verdadeira ação do espírito do mal que gostaria de atingir os valores espirituais e a Igreja que os possui.


Diante das ameaças, ficamos inquietos, e talvez nossa inquietação seja legítima. Qual será o futuro? O que seremos nós, o que será de nosso país, da Europa, do mundo, em quinze anos, em vinte anos? É bem difícil prever. Temos a impressão de que viveremos acontecimentos jamais vistos.

As lições da história



Entretanto, se quisermos considerar melhor e a história e suas lições, nos convencemos facilmente de que a história do mundo e dos povos é feita de reviravoltas parecidas. Se considerarmos a história da China ou da Índia, que parecem apresentar-nos as mais antigas civilizações, datadas provavelmente de sete ou oito mil anos antes de Nosso Senhor, vemos aí a civilização atual como o resultado de reviravoltas de que seus povos foram vítimas no correr dos milhares de anos: invasões, ondas de povos, oligarquias que se estabeleceram.


Vemos no Oriente Médio impérios que se destruíram sucessivamente: os medos, os persas, os gregos, com Alexandre, e os romanos. Graças à ordem que estes parecem estabelecer no mundo, Jesus pode dar sua mensagem. A Encarnação tem efeitos mundiais, como dirá São Paulo (conf. Ef 1,9; Cl 1,15-20); trata-se do mundo conhecido.


Roma, convertida para o Cristianismo, tornando-se campeã da civilização cristã, também sofre assaltos dos bárbaros. E esses bárbaros são ganhos, sucessivamente, pelo Cristianismo. Cuida-se das chagas durante certo tempo; empreendem-se pesquisas novas sobre Deus... Uma filosofia, uma teologia, uma arte se estabelecem no século XIII, e tudo parece entrar na ordem, até que esta ordem seja agitada de novo por outras perturbações.


Que lição se pode tirar destes acontecimentos?

Supremacia da inteligência


Há vários fatos que decorrem como que normalmente: em primeiro lugar, certa supremacia da inteligência. Em todos esses choques


Em todos esse choques, esses transtornos, essas lutas de civilizações, de impérios e de culturas, é habitualmente a inteligência mais afinada que acaba dominando. É vencida durante certo tempo, como a cultura grega pelo Império Romano, mas acaba voltando e afirmando seu poder. Nas lutas entre homens, a inteligência vai dominar a superioridade da inteligência vai assegurar a supremacia.



O poder do Espírito

Há outra coisa. A expansão do cristianismo nos coloca diante de outras forças: são forças espirituais. Jesus veio, e antes de morrer, de sofrer sua suprema derrota no Calvário, Ele afirma: “Eu venci o mundo. Vós tereis de lutar. Sereis vencidos. Sereis mortos. Mas, tende confiança: Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Supremacia da inteligência, supremacia das forças espirituais... Sim, a Igreja a que pertencemos não sucumbirá sob os golpes, ela subsistirá a todos os transtornos, revoluções, transformações, maremotos, venham de onde vierem, causados por qualquer força da inteligência humana ou por qualquer força do inferno. É a conclusão que devemos tirar.




O inventário de nossas forças espirituais


Nessa inquietação em que vivemos, diante dessas ameaças, sem dúvida eficazes até certo ponto, o que fazer?


Nosso grande dever, especialmente para nós, cristãos, é fazer o inventário de nossas forças espirituais e colocar nossa esperança nas forças espirituais. Não somente sob o ponto de vista sobrenatural para nós, mas também as esperanças para a sociedade. É preciso que essa inquietação e agitação nos conduzam a um aprofundamento, a uma estima bem maior pelas forças espirituais que nos foram dadas. Elas nos levam para o espiritual, para Deus: é aí que está a suprema esperança, para cada um de nós, para a nossa salvação individual e para a salvação também da humanidade, em toda medida com que ela pode ser salva.
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1. Henri Grialou nasceu dia 2 de dezembro de 1894 num modesto lar de Aveyron (França) e ainda criança desejou ser sacerdote. Depois da Primeira Guerra Mundial, momento em que sentiu a poderosa proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus, recomeçou os estudos no seminário, dando aí testemunho de uma profunda vida espiritual. A descoberta dos escritos de São João da Cruz revelou-lhe sua vocação ao Carmelo, entrou assim para esta Ordem no dia 24 de fevereiro de 1922, logo após a sua ordenação sacerdotal. Onde adotou o nome de Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus.

Marcado pelo absoluto de Deus e pela graça marial do Carmelo, o Frei Maria-Eugênio serviu com devoção e empenho a Igreja e a sua Ordem, desempenhando cargos de grande responsabilidade na França e em Roma.

Dedicou-se plenamente à difusão do espírito e da doutrina do Carmelo, desejando que estes fossem vividos na vida cotidiana, numa harmoniosa união de ação e contemplação.

A transmissão do ensinamento dos mestres do Carmelo – Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha – foi iluminada pela sua própria experiência de contemplativo e apóstolo, e culminou na redação do livro Quero ver a Deus.

Em 1932, com a colaboração de Marie Pila, fundou o Instituto Nossa Senhora da Vida na cidade de Venasque, França, junto a um antigo santuário mariano, do mesmo nome. Este intituto secular, de leigos(as) consagrados e sacerdotes, coloca em prática o ideal do Frei Maria-Eugênio de uma vida onde a ação e a contemplação são bem unidas, de tal modo que a contemplação estimula a ação e a ação estimula a contemplação, para assim dar testemunho do Deus vivo ao mundo.

Como sacerdote e diretor espiritual, ele conduziu incansavelmente no caminho da confiança e do amor, certo de que a misericórdia divina se derrama sempre e abundantemente!

Toda a vida do Frei Maria-Eugênio foi marcada por uma poderosa influência do Espírito Santo e da Virgem Maria. Respondendo à fidelidade do seu amor, a Virgem Maria veio buscá-lo no dia 27 de março de 1967, numa segunda-feira de Páscoa, dia em que ele fazia questão de celebrar a alegria pascal de Maria, Mãe da Vida.

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Fonte:
MENINO JESUS, Fr. Maria-Eugênio do, ocd. Ao Sopro do Espírito. São Paulo: Paulus, 2010, pp. 55-56.

http://www.ofielcatolico.com.br

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